sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tangerina, Dona Cleide?

- "Lu, tô passando aí na sua casa, ok?"
- "Sim, lógico, onde a senhora esta ago..."

Interfone toca. Dona Cleide, mãe da melhor amiga da Luciana. Elevador. Corredor. Porta. Isso tudo mais rápido do que o meu descarcar da tangerina.

- "Trouxe uma visita pra ficar aqui."

Tá, mas era só ela. Tinha uma sacola... grande. Gato? Cachorro? Papagaio? Miado não, nem latido, nem "dá o pé, lorô". Primeiro gomo de tangerina devidamente consumido.

Aqui tem aquele que liga, diz que em meia hora chega pra ir ao banheiro (número dois), dá descarga e vai embora. Ou aquela que liga na manhã do domingo, acorda a casa e diz que não pode falar agora.

Dona Cleide chegou, abriu a sacola. Gomo dois, estômago! Uma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. Uma visita da Santa à nossa casa pra trazer proteção ao efermo de plantão. Chegou hoje, vai embora amanhã. Veio de ônibus, de São Gonçalo, passando pelo Rocha, volta Niterói, engole almoço, Ponte, Botafogo.

- "Lanchinho, Dona Cleide?"

Oração a Ave Maria, um pedido. Gomo três, estômago urgente pra disfarçar o choro. Quantas vezes Dona Cleide me viu na vida? Duas - ontem e hoje talvez. Três no máximo, vai. Menos de quinze minutos de encontro. Não quis lanche. Cafezinho sim. Não quis carona. Não quis nem a tangerina e foi embora.

Lágrima um, chão.
Dois, chão, chão, chão...

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