quarta-feira, 20 de julho de 2011

liga da justiça, a legítima

- "Já tomou o Campari. Agora vai pras branquinhas."

Era um coroa barba branca, cara de pinguço, mas gente boa. Não sei o nome. Câncer no pulmão. Cigarro, lógico. Essa sala de quimioterapia, até agora, mó astral. Tô famoso lá como Tuninho Tremedeira. Eu mesmo me autodenominei por causa das reações ao falecido Mabtera.

Primeiro, remédio contra enjoo, depois 3 saquinhos. Um vermelho e 2 brancos, fechando com o soro. Não me pergunte o que é cada um. Pra mim, agora, é Campari e 2 branquinhas. Ah, o nome do tratamento é CHOP.

Aliás, vou chamar ali de Liga da Justiça. Tô descobrindo que meus heróis prediletos estão lá. Dona Vera, ela de novo, Verinha Maravilha! 3 anos nisso. Intestino, fígado e agora pulmão. Já operou duas vezes, vai pra terceira. Simpatia, alto astral e a confiança de que um dia vai rir disso tudo.

- "Adoro Saquarema."

Fiz duas horas de quimio hoje, dormi boa parte do tempo. Mas consegui coletar algumas informações de uma nova heroína. Estava dormindo também, encolhidinha, gorrinho, casaquinho, pequenina. Frágil? Só para os tolos. Seriam mais de seis horas no trampo. 86 anos. 2 de quimio. Ninja!

- "Deus foi muito bom comigo sempre. Criei meus filhos e só agora e que descobriram isso."

Sai fora, Superman! Não aguenta nem criptonita. Tô conhecendo os verdadeiros super heróis. Com esse sentimento, fui embora da sala de justiça. Verinha Maravilha já tinha saído e humilhado mais uma vez o inimigo. A Senhorinha Ninja continuaria lá. Cumprimento o enfermeiro Eduardo, dois beijinhos na enfermeira Fernanda e tchau.

- "Tchau, mas eu não quero beijinho não.", Capitão Barba Branca, ídolo, super herói.

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